quarta-feira, junho 08, 2011


BEHAVIORISMO - Resumo enviado por Raissa Fernanda

Behaviorismo

     O Behaviorismo teve sua origem em 1913, com a publicação do artigo “A psicologia como um behaviorista a vê”, de autoria de John Watson; artigo este em que Watson criticava, dentre outras coisas, o uso da introspecção como método investigativo da Psicologia. Foi um movimento de grande impacto no campo da Psicologia moderna, designado também como comportamentalismo, influenciando nos setores do estudo do comportamento humano, nas teorias da aprendizagem e personalidade até às formas de psicoterapias. De acordo com Watson, este método não era confiável porque estava muito sujeito aos caprichos do observador. Dois observadores diferentes podiam chegar a duas conclusões diferentes, mesmo observando a mesma coisa.

Tipos de Behaviorismo

     Como precedentes do Comportamentismo, podemos considerar os fisiólogos russos Vladimir Mikhailovich Bechterev, grande estudioso de neurologia e psicofisiologia, que foi o primeiro a propor uma Psicologia baseada no comportamento; e Ivan Petrovich Pavlov que foi o primeiro a propor o modelo de condicionamento do comportamento conhecido como condicionamento reflexo, e tornou-se conceituado com suas experiências de condicionamento com cães. Sua obra que inspirou a publicação de Watson, em 1913.

Behaviorismo Clássico

     A proposta de Watson era abandonar, ao menos provisoriamente, o estudo dos processos mentais, como pensamento ou sentimentos, por considerar pouco produtivo, e por achar, na época, inviável analisar os processos mentais de maneira objetiva, mudando o foco da Psicologia para o comportamento observável, que seria qualquer mudança observada em um organismo, que fosse consequência de algum estímulo ambiental anterior, especialmente alterações nos sistemas glandular e motor. Por esta ênfase no movimento muscular, alguns autores referem-se ao Behaviorismo Clássico como Psicologia da Contração Muscular.

     O Behaviorismo Clássico partia do princípio de que o comportamento é sempre uma resposta a um estímulo específico. Ocorre de se referirem ao Comportamentismo Clássico como Psicologia S-R (sendo S-R a sigla de Stimulus-Response (estímulo-resposta), em inglês).

     O Comportamentismo Clássico também ficou conhecido como Behaviorismo Metodológico, pois, para Watson, os processos mentais deveriam ser ignorados por uma questão de método e não porque não existissem. Vale ressaltar que, em momento algum, Watson nega a existência de processos mentais.

     Watson acreditava que todo comportamento era consequência da influência do meio, afirmando que em algumas crianças recém-nascidas arbitrárias e um ambiente totalmente controlado, seria possível determinar qual a profissão e o caráter de cada uma delas. Por razões óbvias, ele não concretizou nenhum experimento dessa natureza. Watson executou o clássico e controvertido experimento do Pequeno Albert, demonstrando o condicionamento dos sentimentos humanos através do condicionamento responsivo.

Neobehaviorismo Mediacional

     Os comportamentos não puderam ser modelados como conexões S-R (Stimulus-Response). Por isso, muitos psicólogos propuseram modelos behavioristas diferentes em complemento ao Behaviorismo Watsoniano. Destes podemos destacar Edward C. Tolman, primeiro psicólogo do comportamentalismo tradicionalmente chamado Neobehaviorismo Mediacional.

Edward C. Tolman

     Foi publicado, em 1932, o livro Comportamento Proposital em Animais e Homens, da autoria de Tolman, onde ele propõe um novo modelo behaviorista se baseando em alguns princípios da teoria de Watson. Esse modelo apresentava um esquema S-O-R (estímulo-organismo-resposta) onde, entre o estímulo e a resposta, o organismo passa por eventos mediacionais, ou seja, processos internos, que Tolman chama de variáveis intervenientes.

     Baseado nesses princípios, Tolman apresenta uma teoria de aprendizagem sustentada pelo conceito de mapas cognitivos, i. e., relações estímulo-estímulo, ou S-S, formadas nos cérebros dos organismos. Essas relações S-S gerariam espectativas no organismo, fazendo com que ele adotasse comportamentos diferentes e mais ou menos
previsíveis para diversos conjuntos de estímulos. Esses processos internos que permitem a criação de um mapa mental entre um estímulo e outro são chamados gestalt-sinais.

     Tolman é considerado um precursor da Psicologia Cognitiva, pela aceitação dos processos mentais e proposição da intencionalidade do comportamento como objeto de estudo. Tolman, assim como Watson, aceitava os processos mentais, mas os utilizava efetivamente no estudo do comportamento. Para ele, todo comportamento visa alcançar algum objetivo do organismo, e o organismo persiste no comportamento até o objetivo ser alcançado.

Clark L. Hull 

     No ano de 1943 foi publicado o livro Princípios de Comportamento, escrito por Clark L. Hull, e marca o surgimento de um novo pensamento comportamentalista, baseada no paradigma S-O-R, que viria a se opor ao behaviorismo de Tolman.

     Hull defendia a idéia de uma análise do comportamento baseada na idéia de variáveis mediacionais, assim como Tolman; entretanto, para ele, essas variáveis eram caracterizadamente intra-organísmicas, i. e., neurofisiológicas. Esse é o principal ponto de discordância entre eles: enquanto Tolman trabalhava com conceitos mentalistas como memória, cognição etc., Hull rejeitava os conceitos cognitivistas em nome de variáveis mediacionais neurofisiológicas.

Behaviorismo Filosófico

     Consiste na teoria analítica que trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. O behaviorismo filosófico analisa os estados mentais intencionais e os estados mentais representativos, relacionando diretamente o pensar e o agir, estabelecendo esse vínculo entre o mental e o comportamental.

Behaviorismo Metodológico

     Este termo foi utilizado por Watson, em 1945, se referindo a proposta de ciência do comportamento dos neopositivistas, de grande influência nas idéias dos behavioristas norte-americanos da primeira metade do século XX. O behaviorismo metodológico de S. S. Stevens entende o comportamento apenas como respostas públicas dos organismos. A questão da observabilidade é central. Somente eventos diretamente observáveis e replicáveis seriam admitidos para tratamento por uma ciência, inclusive uma ciência do comportamento.

Behaviorismo Radical 

     Burrhus F. Skinner publicou, em 1945, o livro Ciência e Comportamento Humano. A publicação desse livro marca o início da corrente comportamentalista conhecida como Behaviorismo Radical. O Behaviorismo Radical foi desenvolvido como uma proposta de filosofia da ciência sobre o comportamento humano. As pesquisas experimentais constituem a Análise Experimental do Comportamento, enquanto as aplicações práticas constituem Análise Aplicada do Comportamento. Skinner jamais negou em sua teoria a existência dos processos mentais, mas afirma ser improdutivo buscar nessas variáveis a origem das ações humanas, já que acredita que os eventos mentais são comportamentos e são de natureza física. A análise de um comportamento deve envolver o contexto em que ele ocorre e os eventos que seguem as respostas.

     Skinner desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante difere do condicionamento respondente de Pavlov e Watson porque, no comportamento operante, é condicionado pela probabilidade de um estímulo se seguir à resposta condicionada. Quando um comportamento é seguido da apresentação de um reforço positivo ou negativo, aquela resposta tem maior probabilidade de se repetir com a mesma função; do mesmo modo, quando o comportamento é seguido por uma punição a resposta tem menor probabilidade de ocorrer posteriormente. O Behaviorismo Radical se propõe a explicar o comportamento animal através do modelo de seleção por consequências. Desse modo, o Behaviorismo Radical propõe um modelo de condicionamento não-linear e probabilístico, em oposição ao modelo linear e reflexo das teorias precedentes do Comportamentalismo.

     Para Skinner, os comportamentos são descritos como: 1 - Nível Filogenético: que corresponde aos aspectos biológicos da espécie e da hereditariedade do indivíduo; 2 - Nível Ontogenético: que corresponde a toda a história de vida do indivíduo; 3 - Nível Cultural: os aspectos culturais que influenciam a conduta humana. Ele afirma que o ser humano é um ser ativo, que opera no ambiente, provocando modificações no mesmo, modificações essas que retroagem sobre o sujeito, modificando seus padrões comportamentais.

     O behaviorismo skinneriano é o mais popular, hoje em dia, se não o único behaviorismo ainda vivo. A ABAI (Association for Behavior Analysis International) possui cerca de 13.500 membros no mundo inteiro e cresce cerca de 6.5% ao ano, o que desmente a alegação comum que o behaviorismo está morto.

Argumentos behavioristas

     Para um behaviorista, os chamados fenômenos mentais poderiam muito bem ser apenas padrões de comportamento. Por crerem que todo comportamento é conseqüência de condicionamento, geralmente rejeitam a idéia de habilidades inatas aos organismos. Todo comportamento seria aprendido através de condicionamento.

     Para um comportamentalista (especialmente um comportamentalista radical), estados mentais são, em si, comportamentos, de modo que utilizá-los como estímulos resultaria em uma referência circular. Para o behaviorista, estados internos só seriam válidos como comportamentos a serem explicados; uma teoria que seguisse tal princípio, porém, seria comportamentalista.
   
     Para Skinner, não havia nada de inadequado em se discutir estados mentais no Behaviorismo: o erro seria discuti-los como se não fossem comportamentos.

Críticas 

     Uma das razões apontadas é o desenvolvimento das neurociências. O Behaviorismo leva a uma postura por vezes desinteressada em relação às novas descobertas das neurociências, com exceção do behaviorismo radical onde Skinner enfatizou sempre a importância da neurociência como sendo um campo complementar essencial para o entendimento humano. Os behavioristas afirmam que o organismo não poderia exercer comportamentos independentes do ambiente por causas neurológicas. O Behaviorismo, embora ainda muito influente, não é o único modelo na Psicologia. Seus críticos apontam inúmeras prováveis razões para tal fato.

     Outra crítica ao Behaviorismo afirma que o comportamento não depende dos estímulos quanto da história de aprendizagem ou da representação do ambiente do indivíduo. Por exemplo, independentemente de quanto se estimule uma criança para que informe quem quebrou um objeto, a criança pode simplesmente não responder, por estar interessada em ocultar a identidade de quem o fizera. Do mesmo modo, estímulos para que um indivíduo coma algum prato exótico podem ser de pouca valia se o indivíduo não vir o prato exótico como um estímulo em si. Esta crítica só tem validade se for aplicada ao behaviorismo clássico de Watson, o behaviorismo radical de Skinner leva em conta, como ilustrado pelo nível ontogenético, a história de vida do indivíduo na predição e controle do comportamento.

     Vários críticos apontam que um comportamento não precisa ser, necessariamente, conseqüência de um estímulo postulado. Uma pessoa pode se comportar como se sentisse cócegas, dor ou qualquer outra sensação mesmo se não estiver sentindo nada. O problema desta crítica é de que ela trata como se todos os behaviorismos fossem mecanicistas, o que não é verdade. Esta crítica ignora outros fatores contextuais que reforçam os comportamentos de, no caso, sentir cócegas. Por exemplo, uma criança pode se comportar como se sentisse dor porque assim a professora poderia mandá-la para casa.

     Noam Chomsky foi um crítico do Behaviorismo. Para ele, o Behaviorismo não pode explicar bem fenômenos linguísticos como a rápida apreensão da linguagem por crianças pequenas. Ele afirmava que, para um indivíduo responder a uma questão com uma frase, ele teria de escolher dentre um número virtualmente infinito de frases qual usar, e essa habilidade não era alcançada perante o constante reforço do uso de cada uma das frases. O poder de comunicação do ser humano seria resultado de ferramentas cognitivas gramaticais inatas. Esse argumento é claramente falacioso, pois não se aprende a dizer frase por frase, mas o próprio comportamento de dizer é uma função e com ele que se fundou parte da psicologia cognitiva.
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2 comentários:

Psicólogo Diego Fernandes disse...

Muito bom o blog, sou estudante da Católica de Santos e tive a mesma ideia mas por falta de tempo não pude criar o blog. Parabéns!

Só senti falta da bibliografia deste artigo que também ficou muito bom.

b disse...

Parabéns!

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